Filho é tipo documento: pessoal e intransferível 245d6s

Mais uma das crenças perpetuadas ao longo dos séculos para maternidade foi: para ter filho a gente sempre dá um jeito. De fato, a vida materna é repleta de “jeitinhos”, mas, que a longo prazo se tornam algo imensamente desgastante.

Eu não tô aqui para ser a mensageira do apocalipse materno, nem para te dizer que para ter filhos existe a hora certa. Mas, acredito piamente que o maternar pode ser mais realista quando mulheres estão a par do que ocorre.

Estamos há décadas inseridas no discurso do amor incondicional. Ele realmente existe. Que tal, então, abordar também as outras nuances que a vida revela com a chegada da prole? Não é para demonizar a maternidade e sim para dar a real noção do que ela é na prática.

Vamos lá! 2rx5h

Um dos maiores problemas na primeira infância, se você não faz parte do seleto elenco de herdeiros e milionários deste mundo, é: o filho chega e a vida segue correndo, boletos chegando, trabalho cobrando.

Tem que equilibrar os pratos! Quando a licença-maternidade acaba é preciso ter com quem deixar o bebê. E, num feriado, férias ou coisa assim, um buraco nessa rede de apoio vai aparecer e você vai precisar ir para o trabalho.

Como? 272a10

Ah, Jéssica, mas a gente dá um jeito! Dá mesmo. Não desse, metade da humanidade sequer existiria. Só que tem um custo mental. Chega o momento em que fica quase inviável conciliar jornada de trabalho e cuidado com o filho pequeno.

“Ah, mas bota na escola”, boto! Já botei, inclusive, mas tem férias no fim, começo e meio do ano, feridões e se a escola for pública, terão dezenas de dias sem aula devido à dinâmica do calendário escolar.

E aí? Ah também tem os períodos de doença, tá? Que a escola/babá/vovó vão te ligar para você largar tudo e levar o pequeno pro médico.

Outro fator é que, quando o período escolar bater exatamente com a jornada de trabalho – fato raro levando em consideração que a aula dura 4h e o expediente dura 8h – te restará o tempo com o filho para resolver qualquer outra demanda.

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1. A mãe é sempre a chata 2t3q4i

Por isso é muito normal que mães abandonem, por exemplo, exames de rotina, idas ao dentista e nem vou perder tempo falando de encontro com as amigas ou qualquer outro tipo de autocuidado. O tal do “a infância a num piscar de olhos” existe, só que mais na boniteza do ser mãe.

Na prática, até que eles fiquem mais independentes, vai mais de década. Este tempo não congela na vida afora do materno. Você precisa concomitar tudo. Isso sem contar com o alto índice de mães que perdem seus empregos ou que, sem opção, se arriscam no mundo autônomo para conciliar com a criação dos filhos.

Também seria pauta pra mais um dedo (ou mão inteira) de prosa, o trabalho doméstico, relacionamento amoroso e descobrimento da própria identidade pós-maternidade.

Portanto, não se trata de “dar um jeito”. Ter mínima noção da realidade é preponderante para não se estabacar quando a realidade bater à porta.

Filho é projeto fixo, intransferível e merece atenção desta mesma proporção.